terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Dança das palavras

Há algum tempo não venho aqui, quase 10 dias. Para mim, parece um mês. A verdade é que eu não sei o que está acontecendo. Às vezes acho que mudei, que perdi todo o talento que consegui construir, não sei. Acho que passou. O que passou, não sei. Talvez a tristeza, talvez o amor, talvez a dor, a vida passou. Muita coisa mudou, e continua mudando. Se eu mudei, não sei. O amor mudou, e a vontade de viver também. Às vezes acho que mudei, mas então a vida vem e me mostra que continuo a mesma boba que não consegue esquecer. Mas só o que posso dizer é que sinto falta. Sinto falta disso aqui. Sinto falta das palavras saírem sem controle, dançarem pelos meus dedos e criarem um texto. Mas o que se pode fazer, não é? As coisas estão tão diferentes. Tudo está tão mais calmo, o silêncio está tão mais silencioso que antes. O amor está tão mais longe de mim. Tão longe que não consigo, nem quero falar sobre ele. E talvez seja isso: eu tenho mais do que falar. Não tenho mais do que reclamar. Consegui botar na minha cabeça e dizer ao meu coração que não ia mais sofrer, mas para isso, tive que deixar de fazer uma das coisas que mais amo fazer no mundo. Escrever. Tenho tanto orgulho de tudo isso aqui, de todos esses textos, de todos esse poemas, desabafos, histórias. Desse amo que fui despejando aqui, dia-a-dia, e que construiu aqui um cantinho só meu. Um cantinho que tem tudo o que preciso, um cantinho que tem todas as minhas memórias, que abriga todas as minhas dores, minhas lágrimas, meus desabafos. É tão ruim ver que não consigo mais despejar tudo aqui, é tão ruim ver que não tenho mais o que despejar aqui. E, olhe o que estou falando. Reclamando de não ter do que reclamar.
Mas a vida é assim mesmo, não é? Ela vai nos livrando de tudo e de todos, até que seja só nós mesmos e nos faz assim entender que é só disso que precisamos: de nós. Não preciso de alguém para desabafar toda semana, nem de alguém para fazer um curativo nas minhas feridas. Eu consigo sozinha. Agora, eu consigo. E eu acho que isso é crescer. Crescer não é só arrumar um trabalho e a própria casa, nem ter o próprio cartão de crédito e poder dirigir. Crescer é conseguir ver que, embora você tenha tudo, não precisa de nada. Acho que cresci. Mas nem sequer consigo dizer se isso é bom. Não é bom depender dos outros, mas também não acho bom ter que deixar tudo. E mesmo que eu não tenha que deixar tudo, não é mais a mesma coisa. As palavras não dançam mais. E sem as palavras, quem sou eu? Não me sinto ninguém, me sinto imprestável. Mas enfim. Enfim. 
A vida segue levando as palavras, e nós atrás, tentando acompanhá-las na dança que é a vida. Às vezes caímos, mas sempre nos levantamos. Sempre. 
E é isso. Espero que essa dança volte aqui para alguns passos (ou textos) de amor, de dor, do que quer que seja. Apenas espero que minhas palavras me tragam aqui de novo. E não me abandonem. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Nunca é tarde

Queria escrever algo belo. Queria escrever o quanto o amor é lindo, ou o quanto é bom viver feliz para sempre. Mas eu não sei mais se acredito nisso. Também não quero escrever sobre minhas decepções, descrenças, desamores, despedidas, dúvidas. Não quero falar de tristeza. Não quero falar sobre o quanto as coisas são complicadas ou sobre o quanto me odeio as vezes. Quero falar sobre o quanto as coisas são bonitas sendo simples, sendo só aquilo e nada mais.
Você já tentou pensar assim? Pensar que as coisas são só o que são e aí que estão a beleza delas? Há quanto tempo você não olha para as estrelas sem procurar por um sonho seu em uma delas? Há quanto tempo você não olha o horizonte sem pensar quanto tempo demoraria para chegar até o seu amor? Há quanto tempo você não esquece tudo e simplesmente dança? Há quanto tempo não tenta ser feliz?
Sabe, a vida é difícil, não vou negar. A vida é complicada. Tem muitos caminhos e você tem que escolher um, tem muitas pessoas e você conhece exatamente a que não devia ter conhecido, tem muitas palavras e nem sempre sabemos qual usar. Exatamente como agora. Como descrever a vida em uma palavra? Eu disse que a vida é complicada, mas você já tentou ver a vida de uma forma simples alguma vez? Já tentou esquecer as coisas que te fazem mal alguma vez só pra deixar um sorriso tomar seu rosto? Já tentou esquecer um pouco as coisas tristes que você vê todos os dias nas ruas, na tevê, ou mesmo dentro da sua casa só pra tentar ser feliz? Você já tentou ser feliz hoje?
Geralmente nos perguntam se já fizemos alguém sorrir hoje, mas, você já quis fazer-se sorrir hoje? Eu sei que sorrir é difícil, eu sei. E por saber, eu digo: você quer sorrir? Seja sincero consigo mesmo. Você já tentou ser feliz hoje? E amanhã? Nunca é tarde. Não importa onde você esteja, em que situação esteja, o que esteja fazendo. Eu sei que parece um pouco amplo demais, mas, eu acredito que todos podemos ser felizes, é só deixar a felicidade entrar em nós. E isso é bem mais simples do que a maioria imagina.
Então seja simples. Simplicidade talvez seja a palavra chave. Quando quiser chorar, sorria. Se pensar em desistir, em sangue, em morte, viva. Vá viver, vá ver o sol, vá ouvir músicas que te deixe feliz, vá dançar, vá sentir o vento bater no rosto. Vá viver. Não fique aí, no canto, tão fechada. Abra-se, deixe a felicidade entrar, porque eu falo sério, ela entra. Não bloqueie a felicidade no seu coração, tire ao menos um pouquinho da tristeza e deixe a felicidade entrar, e então verá. Verá o quanto a vida pode ser linda. "A beleza está nos olhos de quem vê."

Espero que seus olhos consigam ver algo de bonito neste texto.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nas estrelas


Ando feliz. Sorrio quando dá, dou uma choradinha de vez em quando (por que negar?), mas ando bem. Ando pulando por aí, dançando. Sempre procurando um par, mas entendi que algumas danças não se dança de dois - e mesmo assim é bom. Ainda tenho a vontade de sumir me acompanhando quase o tempo todo, mas do outro lado há uma pequena e quase não notável vontade de ficar. E fico. Porque eu já disse que não aguentava dezenas de vezes e aguentei. Ainda bem que aguentei, porque agora estou bem, sabe, bem de verdade.
Já passei pela fase de me apoiar nos outros (e esta durou), pela fase de ser apoio (e pesou) - e assim repetidas vezes. Mas há pouco me desapeguei de todos. E desapego é bom, não é? Liberdade é bom, e me faz bem. Me faz bem saber que posso fugir, mas que também posso ficar, entende? E também é bom quando os olhos se acostumam com o escuro e se pode ver melhor as coisas mesmo sem o sol brilhar.
"Se choras pro ter perdido o sol, as lágrimas não te permitirão ver as estrelas."
É excepcionalmente bom ver que posso viver sem o sol. Porque as estrelas estão aí, todas as noites. E pensei em escrever que assim como algumas pessoas vivem com pouca comida, eu vivo com pouca luz, mas achei a comparação um tanto hipócrita. As estrelas brilham. E espero que as estrelas não me abandonem.
Estrelas são tudo o que me resta.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Hoje
vim pra longe
das coisas
das lembranças
do desejo e das lágrimas
que moram la em casa.

Hoje
eu viajei
arrumei as malas
e trouxe o menos que pude
para ter menos bagagem;
menos você.

Hoje
torci para ir longe
voar alto
para deixar de amar
e conseguir jogar meus sonhos
pela janela.

Mas hoje
onde estará você?
na janela da frente do meu apartamento?
na multidão que invade as ruas?
na buzina dos carros?

Pois hoje estou aqui!
pensando ter deixado você em casa
sendo que você sempre andou comigo
na multidão;
nas ruas;
nas buzinas...

No meu coração.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Te espero

Quando digo que vou te esperar, quero dizer que vou estar aqui até não sei quando. Quando digo que vou te esperar, não quero dizer que esperarei até amanhã, ou depois, mas até um futuro imprevisível. Quando digo que vou te esperar, quero te esperar não só para sorrir amanhã, mas para sorrir a vida toda. Eu quero te esperar para a vida, se for preciso. Quero seguir em frente, quero te encontrar por aí. Quero esbarrar me você "sem querer", quero beijar você sem pensar, quero ter você e ser sua. E espero. Sei que espero, sei que posso e por você, espero.
Te espero porque sei que és meu sol, e o sol sempre volta a brilhar.