sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Meu desenho preferido

Te desenhei num papel
Te botei junto com umas flores
Te enchi de cores

Nem sei desenhar
Mas te deixei ali
Com um sorriso bonito

E então pude me libertar dessa ilusão

Agora é do papel
Não pertence mais a mim
Nem me responsabilizo

Se queimar
Se molhar
Ou se for parar no Museu das Coisas Mais Bonitas Que Tem

Agora se tornou o meu desenho preferido
E só

Perth- bon iver

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Passe agora, passe enfim

O que passou com o tempo?
Passou o avião
Passou o trem
Só não passou a saudade de ti

O que passou contigo, tempo
Que disse que fazia tudo passar?
O tempo passou
E esqueceu de me levar

Passou o tempo
Lento
Passou o vento
Só não passou esse violento desejo
De voar com o vento
E voltar no tempo

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sobre essas coisas que o amor faz com a gente

Você chegou, sabe-se lá quando ou como. Foi chegando igual os outros chegam e tornando-se um pouco de mim. Simples assim.
Me mostrou um pouco mais de tristeza na vida. Mas às vezes conseguia até me fazer esquecer da minha ferida. Eram tardes floridas.
Com esse seu vai e vem, fez com que eu percebesse que não sou muito importante pra ninguém. Você, sempre de saída, me fez ver como sou fácil de ser esquecida.
Nem sei te dizer porque gosto tanto de você. Talvez porque, apesar de alguns males, você me fez ver que há motivos para crer: eu ainda posso ser alguém.
Reviveu em mim a saudade de ser de alguém, mesmo com tamanho desdém que sentes por mim. Mas me encheu de beijos, mesmo que apenas em desejo. Quem mais poderia fazer eu me sentir assim?
Acabamos virando explosão, coisa demais para a bagagem que já trazemos no coração. Vai saber quanto de nós já se perdeu em todas as nossas ilusões. Vai saber quanto de mim precisa de você e quando de você já quer desistir.
Quem de nós é mais louco, a ponto de pedir que o outro fique para mais um devaneio? Será que somos corajosos o bastante para nos partir ao meio para completar um ao outro? Será que juntos somos mais fortes para lutar contra a solidão?

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cidade planejada para a solidão

Não quero escrever
quero fugir
preciso ir embora daqui

Mesmo se eu escrevesse um monte de palavras bonitas
a cidade não ia ter graça
Brasília desaprendeu a sorrir

Essas ruas
e todas essas pessoas
não me trazem sentimento algum

E mesmo com esse monte de torre
e essas pontes iluminadas
e esses carros todos
quando chega a noite
tudo fica apagado

Essas luzes
só ficam bonitas
quando vistas de um avião

Só o que nos faz lembrar de amar de vez em quando
é o céu de aquarela
mas até tenho coragem de dizer
que preferia estar lá em cima do que aqui

Essa cidade já devia ter sido esquecida
e reinventada
mas sem ser planejada
só pra gente poder dar a nossa cara
para essa grande palhaçada

A única coisa que Brasília acolhe bem
é essa grande solidão
que todo mundo carrega no bolso esquerdo do terno

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tentativa de amor-próprio

Nunca recebi cartas
Por isso passei a escrever
Para mim mesma

Até uns trechos bonitos
Com flores de enfeite
Eu me mandei

Me reinventei
Só pra tentar bastar
A mim mesma

Mas de tão grande que é esse buraco no peito
Nem eu mesma consigo me achar
Lá dentro

Até entendo
O motivo dos outros fugirem
Mas tenho percebido que eu
Também tenho medo
De mim

domingo, 11 de novembro de 2012

Amor subscrito

Palavra por palavra
fui trocando as frases de lugar
e deixando tudo sem sentido.

Fui te dizendo um monte de coisa
misturando palavras com sentimentos
e de repente saiu um
“te amo”.

Até tentei reinventar
pra conseguir te escrever
algo mais bonito!

Mas pra não escrever tudo repetido
eu vou deixar meio subscrito
que você fez tudo ter um pouco mais de sentido.

Triste é saber escrever
mas desaprender
a amar de verdade.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Relógio da vida

Tic toc
Tic toc
Batia o relógio da sua cabeça

Vai saber se o tempo passava
Ou em que horas havia parado
Um, dois, três minutos
Mil
Desde que você partiu

Tic toc
Tic toc
Bate o relógio do amor

Quantos anos terão de passar
para eu esquecer toda a dor
que você me causou?

Tic toc
Tic toc
O relógio parou

E agora?
Quando eu vou saber
que a hora de seguir em frente chegou?

Quem sabe o trem da felicidade está por vir
Tic toc
Quem sabe já passou

Tic toc
Tic toc
E esse relógio nem existe

Desapeguemos do tempo
Já deu a hora de esperar
Temos tempo o bastante para sermos felizes
Até alguém cansar
(podemos até casar!)

Toc toc
A vida bate na nossa porta
Vamos?

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Bêbada de amor

Vou crescer. Reclamar da vida, chorar, pensar em me jogar na frente de um carro qualquer.
Vou conhecer um monte de gente nova, e perceber, depois de duas semanas, que nenhuma delas é tão legal como você, e me desprender delas rapidinho (como sempre acontece), e nem um texto elas vão merecer.
Vou ir pra longe daqui, alugar um apartamento pequeno, em cima que um bar que nunca me deixa dormir a noite inteira, mas de que importa? Eu vou voltar tarde pra casa. E acordar de manhã confundindo o que fiz com o que sonhei, em meio ao cheiro de cigarro e as fotos jogadas pelo chão da sala. Bêbada de amor.
Nos domingos, vou pedir colo para os meus gatos e chorar de saudades de tudo. Abrir a caixinha de lembranças e só voltar pro meu mundo e pra quem eu sou de verdade – aquela que o sorriso nunca abandonaria, até conhecer você.
Naqueles momentos de tédio que me perseguem, me afundarei num livro qualquer ou num dicionário só pra conhecer palavras novas e me identificar com elas.

Nachtrauern – Lamentar (em alemão):
Sentir uma tristeza carregada de saudade, desapontamento ou luto.

Quando o sol for embora, posso afogar-me nesse vazio, e com uma caneta na mão direita e uma vodka na esquerda, te escrever um monte de coisa sobre a “vida nova”, sobre as saudades antigas, sobre esses medos, primaveras que nunca chegam e invernos que congelam, e todas essas coisas que não deram certo. Depois guardar em algum canto cheio de outros papéis que só me fazem ter mais certeza que isso vai durar até o fim da vida (embora eu saiba que minha vida nem vai durar tanto assim).
E depois disso, só pra quebrar o silêncio gritante das minhas noites, posso aproveitar a leveza de tirar essas palavras de mim, botar uma valsa para tocar e dançar ballet até cansar, mesmo sabendo que eu nunca vou cansar. E cantar baixinho aquelas rezas que faço só pra continuar sobrevivendo.
Depois de alguns anos vivendo assim, quem sabe me aparece alguém. Sorriso bonito, um violão pronto pra tocar minhas músicas preferidas e um monte de palavra bonitinhas decoradas de algum livro que eu já li. “Eu posso te dar o mundo”, ele vai dizer. Mas eu só vou agradecer e dizer “eu já tenho o meu!”.
Quando eu morrer tragicamente, vão perguntar o que eu fiz da vida. Uma infância colorida e uma vida solitária, perdida e errada. E na minha biografia vai constar o seu nome.


Só queria dizer que eu não preciso de vocês. Eu vou fugir daqui, eu vou encontrar o meu lugar pra se feliz (feliz desse jeito estranho), vocês vão ser só uma lembrança que não faz a menor diferença. Eu não preciso de vocês! Eu tenho o meu mundo e só ele já basta.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Sobre escritores e seus desamores

Tire esse sorriso do rosto
E jogue fora essas palavras da sua cabeça
Talvez você não deva continuar essa história
Se continuar matando suas personagens indefesas.

Os papeis tão delicados
Que ainda sorriem para aqueles mal criados
Dos escritores que insistem em amassar e jogar fora
Os papeis que abrigam suas tristes histórias.

As personagens foram proibidas de sorrir
Andam sempre perdidas por aí
Vítimas dos escritores infelizes
Cheios de cicatrizes
Que só sabem depositar nesses papeis
Seus amores infiéis.

Mas a vida é assim mesmo
Tem sempre alguém que pega toda a sua tristeza
E transforma em beleza
Perdoe-me, querida personagem, pela falta de gentileza
Mas você continuará sendo, da tristeza, a presa.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sinfonia da primavera

A primavera chegou
mas as flores não abriram.
A primavera brasileira é uma mentira!

Nenhum jardim pela cidade
Em floricultura encontrar flor é raridade!
Toda hora encontro uma flor de plástico
pela metade.

O céu, coitado, perdeu a graça
tá só fumaça!
Espantou todos da praça
que foram pro bar
se encher de cachaça.

E o Sol?
Também sumiu
deixou todo mundo aqui
nesse frio.

Menino
acho que nem se eu fizer uma sinfonia
vou conseguir parar com essa mania
de te pedir pra voltar.

Mas deixa a primavera pra lá
as flores não abriram
mas mesmo assim você pode chegar
(de braços abertos, ou bem calminho
só vem logo, pra eu deixar de viver sozinho)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Primavera de 2100

Acho que hoje é dia de te escrever algo especial. Especial por muitos motivos.
Especial porque estou especialmente calma e com muito amor pra dar. Para te dar.
Especial também porque parei de fazer tudo o que eu devia estar fazendo só porque começou uma música linda e você inundou minha mente, me trazendo sentimentos bons.
Mas especial, principalmente, porque setembro chegou e com ele todas as lembranças e lamentações e saudades e amor vão aparecer em cada esquina. Setembro! Há dois anos eu comecei a pedir pra você voltar.
A primavera está chegando, e você ainda não chegou. Eu não quero que as flores caiam antes você cair aqui, ou de eu cair em mim. Eu não quero mais um verão sem você, e o medo já está aqui para o próximo inverno sozinha. (…) Então eu espero que os dias passem devagar, se você não for chegar, pois eu não quero ver as flores caírem sem você aqui. Mas se você for vir eu espero que os dias passem logo, que as flores cheguem logo, para você chegar com uma na mão. Aliás, isso parece a única coisa certa a acontecer.” 
Muitos meses se passaram e em todos eles eu te escrevi um texto qualquer pedindo pra você voltar. Dois anos e muitas palavras. E muitos choros. Mas isso não importa agora, não agora. Você se foi, mas setembro chegou e vai passar e tudo vai ficar bem.
E tudo vai ficar bem porque as flores vão se abrir (e quem sabe você não volta de braços abertos?), porque esse mês é o Verdadeiro Mês do Amor e eu tenho dito. Setembro é o mês do amor e ojala que os sorrisos aflorem, coloridos e com aromas sutis, cheios de borboletas em volta e toda a magia que se pode existir. E que a saudade se torne apenas grande inspiração, e que não doa tanto assim.
E que você também possa sentir a magia de setembro aí onde quer que você esteja. Que você continue brilhando como um Sol e faça com que as flores façam a fotossíntese necessária para a primavera chegar como ela vem chegando desde que você se foi – cheia de saudade boa.
Mas acho que se a gente for parar pra pensar, a primavera é bem isso. Pegou todo o inverno, o frio, a tristeza, o cinza, e transformou em cor, borboletas, vento e sorrisos. Então acho que primavera é o momento em que tudo fica mais bonito, inclusive você e tudo o me fazes sentir. Espero que meus textos fiquem mais bonitos, também.
E só pra atrair boas energias e quem sabe as flores florescerem cheias de você:
“Você voltará na primavera? (…) Quem sabe quando as flores se abrirem você voltará de braços abertos. Talvez com uma flor na mão. (…) Te esperarei até a primavera.”
Ah, te esperarei até a primavera... Do ano que vem, e que vem depois do ano que vem, e que vem depois do ano que vem depois do ano que vem e até dois mil e cem.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Matéria do amor

Talvez eu devesse estudar gramática
e ver se em alguma oração acho o motivo que fez você ir embora.
Talvez matemática me ajude a somar os fatos
e todos os motivos para que eu ainda te espere
e te escreva.
E encontre na aula de geografia algum país
onde você possa ter se escondido.
Não sei se alguma época na história
conseguiram desvendar esse grande mistério que é o amor.
A ciência provavelmente já desistiu,
mas eu continuo tentando.
E isso de nunca desistir
não foi a escola que me ensinou,
mas eu apliquei em você.
Talvez você seja o meu maior foco de estudo.
Talvez eu tirasse 10 nessa matéria do amor.
Ou 0.  

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mais uma carta para ficar no caminho

E quando você voltar (se você voltar) talvez não me encontre mais onde eu sempre estive – te esperando. E digo isso porque essa ideia não me sai da cabeça, essa ideia de te ver voltar. Mas vejo hoje, de outro ângulo (dos tantos e tantos ângulos que vi e quis ver) que com a ausência do Sol me tornei tão branca e fria que talvez eu não consiga mais conviver com tanto brilho – o teu brilho. E vou ficar assim, no escuro, sem ver as cores direito, só as sombras e o vento frio que eu aprendi a gostar, e que, pra ser sincera, me atrai e me vicia (e a escrita é uma deles) e que eu me afundo e me afogo e gosto, mas que aos olhos dos outros é feio e me faz mal. “Não vai por aí, não faz isso, te faz mal, é feio”, mas visto que eu não me importo mais tanto assim com a beleza das coisas, apenas balanço a cabeça e vou. Será que não é isso que aconteceu com você?
Mas então, só escrevo isso e te boto aqui e te encho de palavras repetidas e desse amor feio porque queria que você (e todos, mas principalmente você) soubesse que eu perdi o medo do escuro e de andar sozinha – embora talvez eu nem esteja mais tão sozinha, apenas solitária e aí já é outra história, mas que ainda insisto em procurar teu calor no caminho e teu brilho pra me guiar no escuro, e ainda insisto e teimo em escrever pra ti, que nunca vai ler isso (e se ler vai rir de mim e achar que peguei tudo isso aqui de algum filme de amor chato). Mas só queria te dizer que a vida continua (principalmente a tua), mas que a minha também está começando a andar, só que eu não te esqueço, menino, e atualmente te lembro com um sorriso no rosto e como um segredo, algo só meu, muito maior que ouro ou um troféu, mas como uma pessoa que foi só minha e será pra sempre só minha, porque já não existe. E te guardo nesses textos e vou deixando eles pelo meu caminho, pra se um dia você passar por aqui se lembrar – de mim, de você, de nós...
E desisti de tentar apagar essas palavras escritas com caneta ou queimar todos os livros que me lembram teu nome, então vou deixando as lembranças e as saudades pelo caminho porque “se tudo passa, talvez você passe por aqui”. E eu considero isso o máximo amor que posso te dar. Muito amor e o único e maior e eterno que eu já senti. Exatamente como você é pra mim, único, eterno e enorme e... Bom, não vou começar com isso de novo.
Só queria dizer que ando por aí (querendo te encontrar...) mas que se você quiser – e queira, por favor – me encontrará no caminho fácil, fácil.
Ah, eu sou tão previsível...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Cores que não vejo

Não via as cores
Triste cidade preta e branca
de um degradê sem graça

Confuso por não saber
se o frio que sentia era da noite chegando
ou do coração que ainda insistia em bater

Só via as luzes
bailando
na sua janela

E se nunca mais vir o sol dourado num céu azul pela manhã?
E se nunca mais puder pintar uma aquarela?

E se for você chegando e eu achar que não passa de uma sombra
daquelas que me assombra
quando sinto tua falta?

E se não conseguir mais ser feliz
nem pintar o meu nariz
nem cheirar uma flor-de-lis
nem curar minha cicatriz
e ficar pra sempre assim, meio infeliz?

E se eu ficar pra sempre nesse vazio
cheio de cores
que não vejo?

terça-feira, 17 de julho de 2012


Faz um frio que deveria ser inexistente no dia de hoje e eu não deveria estar aqui. Acordei com chuva e embora essa seja uma das melhores sensações do mundo, preferia ver o sol brilhar forte hoje. Mas é quando o sol se esconde e enquanto toda a casa dorme, que os sentimentos começam a explodir e sinto vontade de jogar tudo aqui. Tenho ânsia de escrever. E como sempre, dói.
Tenho vontade de escrever uma história de amor, mas sinto medo. Sinto medo de me apegar ao que escrevo e viver uma história de amor também. Eu não gosto. O amor pra mim não é mais algo bonito que eu saio por aí procurando. Acho que ele acabou comigo e lá vou eu escrevendo essas coisas repetidas.


História sem amor e sem finais felizes

Não sei se é uma manhã de domingo ensolarada que vai curar meu coração. Talvez promessas e beijos e todas aquelas coisas que para a maioria seja o começo de uma nova linda história de amor apenas continue acabando comigo e faça-me ficar sem forças para continuar e pensando “será que é esse o meu final? O começo parecia tão lindo!” É isso que as promessas fazem.
Passei muito tempo sem sentir borboletas no estômago e elas estão voltando. Talvez seja algo estragado que eu comi. Pode ser algum novo tipo de dengue, também, já que ouvi dizer que o amor está no ar.
O fato é que coisas diferentes andam acontecendo e eu não sei se dá pra continuar assim. Desaprendi a lidar com as pessoas. Não tenho mais paciência para cartinhas de amor. Não sei mais ficar horas planejando uma lua-de-mel em Paris sabendo que isso não vai acontecer. Percebo que a única pessoa que consigo conviver por mais de 10 dias seguidos é minha mãe, e olhe lá. Fujo dos livros que tenham o título com algo relacionado a amor, e tenho medo de ler uma história que termine com “felizes para sempre”. Deve ser por isso que não consigo escrever uma história de amor. E nem sonhar com um final feliz, e nem com um para sempre. E daí a vida vai ficando vazia e fica difícil escrever uma história de amor quando você desaprende a amar ou sei lá o que aconteceu comigo, mas parece que não dá mais certo. E isso era pra ser uma história de amor, aliás, mas acabou assim: sem história, sem amor e sem felizes para sempre.  

sábado, 7 de julho de 2012

poema estrelar

estrelas
que já não trazem tantos sorrisos
tanta paz
e os sonhos de antes
trazem no máximo uma grande nostalgia
de brilhos passados.

estrelas
que brilham tão lindamente
nesta noite fria com cara de poema estrelar
mas que já não fazem meu coração
brilhar.

estrelas
tão distantes
como a tua lembrança
de mim.

estrelas
e eu, torcendo para a minha dor se apagar
quando a nostalgia sumir do céu escuro
torcendo para a minha dor ir embora
quando o Sol voltar a brilhar.

sábado, 30 de junho de 2012

Escolhi escrever

Hoje o Sol está brilhando o bastante para eu escrever um texto cheio de sonhos e amor. O céu está lindamente azul, quase que me dizendo “escreva sobre como é bom viver”, mas essas coisas dificultavelmente passam pela minha cabeça.
Já não ouço os pássaros quando ando por aí nas manhãs frias. Há quem diga que eu deva tirar um pouco a música dos meus ouvidos e apenas parar para apreciar o mundo em silêncio, mas só o que eu conseguiria ouvir seriam os carros e suas buzinas. Além disso, já há um grande silêncio dentro de mim, que grita por palavras bonitas e mais amor e mais paz e mais músicas e mais beleza em tudo, e se eu tirar a música provavelmente fique surda.
Eu prefiro simplesmente me esquecer, na maior parte dos dias, e continuar calada, porque se eu for abrir a boca as lágrimas vão cair e as cicatrizes vão aparecer, vou parecer tão louca e imbecil, e provavelmente as pessoas que me conhecem vão me achar tão outra pessoa que não vão entender nada e simplesmente ir embora. Ou não. Mas, bem, eu prefiro não arriscar.
Escolhi as palavras (mesmo que as tristes), porque você lê como se tudo estivesse bem. Alguém lê meus textos com um ar desesperado e gritando e chorando e com uma música triste, com olhos tristes e depois fica alguns instantes calado porque se perde nos sentimentos e mais sentimentos que havia guardado toda essa semana? Acho que não. O texto guarda palavras silenciosas que começam e acabam aqui. Sem olhares, abraços, lágrimas ou qualquer demonstração de preocupação ou dó.
As palavras podem ser tão fortes como o Sol e tão lindas como o céu azulado, mas elas pararão de brilhar na tua vista quando você simplesmente desistir de ler isso, desviar teu olhar pra algo mais interessante ou se cansar de ler os mesmos desabafos de sempre. O Sol está sempre aí, e não adianta querer fugir, porque ele vai aparecer amanhã de manhã e te obrigar a acordar. E se não for amanhã, será depois de amanhã. E até seu coraçãozinho não aguentar mais bater, e até você poder agradecer por finalmente não ter que ler mais nenhum livro chato com palavras cujo você se perde ou não entende o significado. Eu acho que seja assim com a maioria das pessoas. Mas talvez você se salve. Talvez goste do céu azul e consiga fazer músicas lindas sobre tudo isso aqui. Talvez você consiga usar as palavras de uma forma mais bonita do que eu. Bonitas no sentido de feliz, porque dizem que é bonito ser feliz. Mas visto que eu já não me importo muito com a beleza das coisas, eu já não me importo de não sair por aí com um sorriso e tirando fotos de paisagens floridas.
Talvez se tua voz for bonita você prefira cantar tuas felicidades ou tristezas e se torne famoso e amado. Talvez você viva momentos lindos e guarde todos na memória, componha músicas sobre eles e sinta menos saudade que eu. Quantas memórias minhas dariam uma história que alguém gostasse de ler? Acho que as palavras chamam menos atenção que “tchu tcha tchu tcha” ou sei lá qual é a ordem disso. Quantas frases você tem guardada na memória para recitar todos os dias pra si mesmo para conseguir aguentar mais um dia? Quantos livros você tem em casa e quais são suas palavras preferidas?
Acho que a maioria das pessoas prefere simplesmente ver um pôr-do-sol ao som de um violão. Eu também gosto disso, muito, mas há algo que me atormenta e provavelmente me faria ficar em silêncio torcendo para a luz não voltar a aparecer amanhã. E ia doer e fazer surgir frases na minha cabeça que eu esqueceria em uma hora, mas que me deixariam ansiosa para anotá-las em qualquer lugar e torcer para alguém achá-las e me olhar e sorrir, ou chorar, mas calados. Porque eu peguei essa mania de odiar que recitem minhas palavras alto. Acho que é isso: elas ficam vibrando por aí e nunca acabam, ou acabam, não sei ao certo como é a velocidade do som, mas sei que doeria e me deixariam no mínimo surda.
Acho que me viciei em palavras e silêncio. Meu silêncio. O mundo não para, não se cala, não descansa. Eu poderia passar as madrugadas sem andar ou fazer passos de ballet apenas para não ter que ouvir meus pés batendo levemente no chão. Não sei dizer se esse vício é pior ou melhor do que drogas. Não se sabe até que ponto escrever me faz feliz ou triste. Eu posso escrever uma carta para um amigo que vive em outro país e dar mil sorrisos ao saber que ela chegou e ele pode ler minhas palavras gritantes, mas eu posso escrever uma carta dizendo adeus a tudo, e nunca mais chorar, nem sorrir. Talvez eu devesse temer as palavras, mas prefiro simplesmente escrever. Provavelmente se eu as temesse, escreveria sobre isso. Mas eu não temo, e estou escrevendo sobre não ter medo algum de escrever letra por letra de um texto enorme como esse. E mesmo se as palavras terminarem de acabar comigo, eu não me arrependeria. Eu amo palavras. Assim como morreria por amar aquele alguém, morreria pelas palavras. Eu acho bonito. Não que eu me importe com a beleza, mas é bonito. Talvez as palavras não gritem, mas talvez sufoquem. Talvez as palavras dancem (e eu acho que dançam, você não vê?) e peguem teu pé de noite. Eu espero realmente conseguir escrever sobre toda dor e todo amor e ainda conseguir escrever adeus quando for a hora do adeus. E que isso se torne bonito, independente da palavra a ser escrita ou do tamanho do texto que ela formar, mais bonito que o Sol e o céu e as estrelas e a Lua e todas essas coisas que as pessoas acham bonito. E então vai valer a pena ter deixado de ver o pôr-do-sol para escrever um texto quando já não há mais luz no céu, enquanto eu me escondo das luzes da cidade. Acho que escrever é o vício mais bonito que tem.

sábado, 23 de junho de 2012

Vacina do "feliz para sempre"

Talvez minha mãe não tenha me dado as vacinas quando eu era nova. Ela sempre foi meio descuidada com isso mesmo. Talvez por isso eu já não respire tão bem quanto antes, nem sorria, nem escreva. Talvez a gente vá perdendo as coisas boas da vida com o tempo. Crescer é isso, não é? Mas acho que ainda não inventaram nenhuma vacina pra ser feliz para sempre.
Talvez o melhor remédio seja ficar um dia inteiro na varanda de alguma casa de campo respirando ar puro e ouvindo música clássica. Mas essa seria aquele tipo de vacina que você tem que tomar de tempos em tempos porque vai perdendo o efeito. A gente vai esquecendo que o Sol continua brilhando mesmo que fechemos a janela, e que as estrelas estão sempre dispostas a brilhar para nós, só temos que apagar um pouco as luzes da cidade, e que um simples piano pode nos acalmar mais que as “melhores” músicas das “melhores” cantoras que só conseguem cantar com playback. Só que eu não posso ir para uma casa de campo frequentemente tentar matar esse vírus da tristeza, porque eu tenho dever de casa para fazer, e querem que eu enfie isso goela abaixo, como se português fosse mais importante do que saúde. Saúde psicológica, sabe?
Ainda bem que as férias estão chegando. E eu vou poder abrir as cortinas, respirar com mais calma, e escrever em paz, ser feliz em paz, chorar em paz. Ou o que seja. Porque talvez eu deva simplesmente ser forte o bastante para ser feliz sem nenhum remédio.  

sábado, 16 de junho de 2012

All I wanted was you

Tudo que eu queria era você. Mas eu fui esquecida, abandonada, trocada, já nem sei. Largada no escuro carregando um peso enorme: o amor. Ignorada, mal-amada por tantos. Me deixaram chorando, num canto, no escuro, só torcendo pra alguém vir acender as luzes e me convencer de que foi só um pesadelo. Ninguém veio. Escondendo a solidão com Arctic Monkeys, livros e cabelos ruivos. Matando a carência com “eu não preciso de ninguém”, chegando em casa tarde só pra tentar mostrar pra ti que ainda sei ser feliz (mas de que adianta ir pra festa e voltar com o coração vazio? Caio F. Abreu). Escrevendo nas paredes brancas para preencher o vazio (no te quedes com tu nombre escrito em la pared...), escondendo as cicatrizes com mangas compridas, como se eu já não soubesse que as que mais ardem são as mais profundas, que ficam no coração. Cantando como se não houvesse amanhã ao mesmo tempo que torço para que realmente não haja. Derrubando arvores só pra fingir que isso tudo me rendeu uma boa história, e dizendo que vale a pena amar, apesar dos apesares. Não vale.
All I wanted was you e olha o que eu ganhei: vários motivos para chorar, dó de mim, saudade e esses textos repetitivos. E talvez, somando tudo isso, um grande nada.

terça-feira, 12 de junho de 2012

(Feliz) Dia dos Namorados

E no meio de todas essas atualizações de status e reclamações e carências e buquês de flores, aqui estou eu com meu texto de Dia dos Namorados.
Hoje eu poderia sair por aí louca por alguém, passar o dia escrevendo sobre o quanto queria ter alguém especial, o quanto queria que ele voltasse de surpresa. Podia passar o dia reclamando e choramingando por aí. Mas aqui estou eu, escrevendo a verdade sobre este dia tão... Desnecessário.
É engraçado como um dia como os outros consegue mudar o nosso humor. Acho interessante como um dia que o sistema capitalista inventou pra gente comprar ursinhos de pelúcia segurando corações e flores que morrerão em alguns dias faz com que choremos sozinhas num quarto abraçada com o nosso ursinho de pelúcia que mamãe deu. Não que eu faça isso. E não que você deva fazer.
A verdade é que o mês do amor é Setembro. A primavera, as músicas e poemas sobre o mês em que ele se foi. Ah, como espero por este mês! Hoje é apenas um dia em que os buquês de flores estarão em todos os lugares, as vitrines cheias de corações e filmes de amorzinho passando na Sessão da Tarde. Mas isso passa. Daqui alguns dias as flores murcham, as vitrines mudam e Lagoa Azul já vai estar passando no seu horário normal da TV.
E Setembro vai demorar um pouco ainda, mas logo chegará o mês das musiquinhas amorzinhos e das cartas e da saudade e de escrever sobre todas as coisas que devem ser escritas em Setembro, ou que já foram.
E chega de amor por hoje, gente. Bora ser feliz.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

As palavras me acertam como facadas no peito. Sangra. Escrever uma carta de amor nunca se tornou tão difícil, e as histórias trágicas nunca pareceram tão reais. Escrever sobre as estrelas ou sobre meninas solitárias que moram em cidades pequenas e esperam algum lugar que caiba seus sonhos não parece o bastante.
Cuspia restos de amores, desamores e tudo o que já se foi há muito tempo, mas não passou. Vomitava amor. Quando as estrelas não trazem inspiração o bastante, o que é que a gente faz? Quando o sono só te traz melancolia e já não palavras lindas que você se arrepende de ter escrito, quando você passa 40 minutos pra escrever algumas linhas e não consegue prever um final pra isso, quando você olha pra tua parede branca a espera de algum transe hipnótico que te faça escrever como no Romantismo, quando o miado do teu gato preto parece mais poético do que as 10 linhas que você escreveu até agora com bobagens. É assim que começa a rachar? Por que no frio, há dias que eu trocaria um abraço por uma caneta de penas, uma caligrafia magnífica e uma página em branco. Infelizmente, eu não tenho nenhum dos dois, e já não encontro as palavras certas pra dizer que aqui dentro está realmente congelando, e casaco não resolve.
Como a gente faz pra ficar leve de novo pras palavras conseguirem te fazer viajar e sentir e chorar e amar? Como é que a gente faz pra tirar as histórias que nos assombram nas madrugadas de debaixo da cama e simplesmente deixar que elas bailem pela sala e caiam no papel? Onde a gente vai pra achar alguma palavra nova?
Talvez eu deva apenas passar uns dias lendo o dicionário. Talvez palavras sejam sorrisos e eu deva simplesmente aprender algumas palavras novas.  

domingo, 3 de junho de 2012

Poetizando Platão

Para Platão, amor significava anseio de voltar à verdadeira morada da alma.
Eu poderia te meter no meio disso e dizer que meu amor é exatamente isso: anseio de voltar pra ti, que, por muito tempo, pareceu o lugar certo pra mim. Mas não.
Talvez o amor seja isso mesmo, vontade de voltar pra algum lugar do qual não se sabe ao certo onde é. Talvez essa saudade que se sente seja algo muito maior do que falta de alguém que não lembra mais teu nome. Talvez eu possa resumir minha vida num grande eros. “Talvez os poetas estejam certos. Talvez o amor seja a única resposta.” Sim, Woody Allen, acho que sim.
Acho que isso tudo é apenas um grande amor sem fim e eu deva continuar procurando minha verdadeira morada da alma.
Platão diria que ela é o Mundo das Ideias e que cedo ou tarde voltarei pra lá. Eu não tenho nada a dizer sobre isso, apenas espero. O que, aliás, é só o que tenho feito todo esse tempo.
“A alma experimenta, portanto, um “anseio amoroso” de retornar à sua verdadeira morada. A partir de então, ela passa a perceber o corpo e tudo o que é sensorial como imperfeito e supérfluo. Nas asas do amor, a alma deseja voar “de volta para casa”, para o mundo das ideias. Ela quer se libertar do cárcere do corpo."
É, acho que é isso.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Dê o nome que quiser.

São lindas as histórias com finais felizes. Quando tudo dá errado o tempo todo, mas nos últimos instantes, nas últimas páginas, tudo dá certo. É lindo ver os casais se beijarem no último capítulo das novelas, quando você tem 10 anos. Mas daí você cresce e com 15 já cansou de ver finais felizes sempre iguais, e começa a torcer pra vilã se dar bem, porque parece mais real. Você começa a perceber que uma mente inteligente ganha de um rostinho bonito (isso porque é melhor não citar o “bom coração”), ou pelo menos deveria ser assim.
A verdade é que temos que nos tocar que a Disney e seu mundo mágico estão muito longe daqui, e que nós já passamos da idade de acreditar em contos de fada.
E é triste imaginar as mil e uma formas dele voltar pra mim (gritando na minha janela, tampando meus olhos e perguntando quem é, aparecendo nas minhas madrugas vazias de surpresa, ou simplesmente tocando a campainha...), mas no final ver que ele escolheu a mais dolorosa: não voltar. E o pior mesmo é continuar esperando, mas eu espero.
Não sei se fiquei chata demais depois de certas decepções, mas já cansei de ler frases como “a vida vai te surpreender”, “alguém vai entrar na tua vida quando você menos esperar” e bibibi, e nunca acontecer nada. E eu só tenho treze anos. Mas parece que é regra, que o destino é igual pra todos (se é que existe destino), e que um dia, mesmo que você morra esperando por esse dia, um dia ele vai chegar na tua vida e você vai entender porque aquele menino não deu certo há uns 10 anos atrás. E você vai ficar feliz e vai desenvolver todas as tuas habilidades artísticas, tipo pintar quadros lindos e criar músicas e dançar ballet pro resto da tua vida de tanta felicidade porque o teu amor chegou e. Era assim que eu imaginava, mas eu cresci e aprendi duas coisas: ele não vai chegar (ou voltar), e eu jamais aprenderei a pintar quadros.
Mas daí começa outra etapa: “por que eu estou aqui? Por que eu estou aqui? Por que eu estou aqui? Por que eu estou aqui? Por que eu estou aqui? Por que eu...” E você pensa em pular da janela do sexto andar, mas acha mais seguro dormir ou ler um livro ou simplesmente entrar no teu tumblr pra se iludir mais um pouco, porque as esperanças não podem morrer. As esperanças são as últimas que morrem, não é? Não, não é! (Ou é, porque eu sei que você não vai voltar, minha razão sabe, as outras pessoas sabem, você provavelmente sabe, não sabe? Sabe. Só não sabe que eu continuo te escrevendo e me escrevendo e me inventando e sobrevivendo só pra daqui 10 anos eu entender o porquê desta espera. Mesmo sabendo que isso não vai acontecer e. Que droga.) Porque minha esperança já morreu há algum tempo e eu continuo andando e chorando e até sorrindo, de vez em quando.
Será que você ia gostar desses meus dois lados? Acho que tu ias preferir o mais otimista... Pena que não vale a pena ser otimista, sabendo que você não vai voltar.
E bom, o que resta eu escrever nesse final de tarde frio e escuro? Talvez eu deva apenas fechar os olhos e fingir a morte. Porque eu até poderia escrever um poeminha sobre o vento batendo na minha janela e blábláblá, mas ia acabar em você. E eu odeio saber que as coisas acabam em você, sempre, mas que esse sofrimento não vai acabar, porque você não vai voltar.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Visitas (in)esperadas

A campainha tocou.
Guardei a caixinha de lembranças na estante e pensei “meu deus, e se for ele?”.  Fiquei sem ar por alguns instantes.
Olhei algumas três blusas até encontrar a que era mais propícia para a sua volta. Me olhei no espelho rapidamente e tentei arrumar o cabelo. Desisti. De qualquer forma, se você voltou é porque me ama mesmo com cabelo desarrumado.
Andei pelo corredor apressada, porém devagar, me perdendo nas nossas lembranças e tentando pensar quantas vezes pedi por este momento. Tropecei algumas vezes e a cada passo me sentia mais perto do paraíso.
A escada que eu tinha medo de descer na infância parecia um obstáculo pequeno perto de todos que eu tinha enfrentado por você. Desci rapidamente, quase gritando “já vai, amor!”. Meu deus, eu amo você.
Procurei a chave dentro da bolsa e em cima da mesa, mas não estava lá. Bom, eu te esperei um bom tempo, não vejo problema em você me esperar por uns 5 minutos.
Logo em seguida encontrei a chave no sofá, segurei-a por alguns instantes pensando “essa é literalmente a chave que vai abrir a felicidade!” e andei ate a porta mais sorridente que nunca.
Abri a porta lentamente falando “finalmente você voltou!”. Uma pizza apareceu diante de mim. Fiquei paralisada por alguns instantes, sem reação. “Foi aqui que pediu pizza, não foi?”
“Foi. Mas também não quero mais!”, pensei. Fechei a porta na cara dele e chorei desesperadamente por alguns minutos.
Estou ficando louca! Você nem tem meu endereço.  

sábado, 5 de maio de 2012

Eu não quero pensar nisso de novo. Mas não deixo de pedir todas as noites para você voltar. Quem sabe em um dia chuvoso, embora os dias chuvosos terem acabado de acabar. 
Eu quero muito acreditar que você vai voltar qualquer dia desses e fazer tudo isso valer a pena. Eu não quero que minha vida se baseie em uma frase como "uma vida inteira esperando o que não vinha" Caio F. Abreu.
Eu quero saber que eu fiquei aqui esse tempo toda porque algo me dizia que tu ias voltar e voltou. Eu preciso saber que temos algo maior do que promessas não cumpridas.
Com certeza tu não tens noção do tanto que eu tenho desejado que tu voltes logo, meu deus, eu preciso de você. Eu preciso escrever um texto gritando teu nome e anunciando pro mundo que você voltou e que eu sempre soube que tu ias voltar. Mesmo que eu não saiba. Mesmo que eu tenha certeza que você não vai voltar. Eu preciso acreditar nisso porque a esperança é a única que morre.
Eu preciso mostrar pra você que agora eu ouço rock e gosto de filosofia. Eu preciso mostrar pra você que as frases de amor que me lembram você estão grudadas na minha parede. Eu preciso acordar um dia feliz sabendo que os dias felizes voltaram.
Eu preciso da tua presença de um jeito que não imaginas. Eu preciso que tu te lembres de mim eu vou repetir isso até você voltar. Eu preciso que você saiba que as coisas mudaram e que foi tudo por você. Eu preciso que você acredite que vai valer a pena, mesmo que pareça perda de tempo, que eu não sou tão inútil assim como parece e que esses textos não são cada dia pra uma pessoa diferente. Eu preciso te contar como andam as coisas, eu preciso te falar que odeio sair de casa e preciso que você me dê motivos bons pra não sair. 
Eu preciso de você de volta. 
Eu não aguento mais passar as madrugadas no escuro escrevendo textos que eu não aguento mais escrever. Eu cansei de repetir as mesmas palavras, eu cansei de pedir pra tu voltares. Por que eu não canso de você?
Eu preciso dar a volta por cima, eu preciso ir pra escola e escrever teu nome nas últimas folhas do meu caderno sem medo. Eu preciso escrever poemas felizes falando de nós, eu preciso que você junte meus cacos. Eu preciso que você me diga que eu não preciso mais esperar, nem chorar, que a dor já passou e que agora está tudo bem. Eu preciso urgentemente acordar deste pesadelo. Eu sei que já estou reclamando de cansaço há meses, mas eu preciso que você saiba.
Eu preciso que você acalme esse desespero, que você silencie esses gritos de saudade, preciso que você mude a página, troque o disco, amanheça.
Meu deus, eu preciso tanto de tudo isso. Eu preciso parar de repetir isso. Mas é que eu preciso tanto de você. Não pra viver, mas pra ser feliz. Só pra ser feliz.
Eu preciso que você acenda as luzes e me tire desse escuro. Eu preciso que você veja que não é drama -embora você nem saiba que o "drama" existe. Preciso que você apague esse fogo, preciso que me ajude a queimar os papeis antigos, preciso que você relembre os momentos que já passaram. Preciso que me ajude a limpar a casa, a abrir a janela, as portas. Preciso que me ajude a deixar o vento entrar, preciso que me ajude a encontrar as asas, preciso que escute o que eu ando pensando, preciso que me mostre que o futuro pode ser melhor que o passado. Preciso que me mostre que eu não preciso me casar com a música porque eu ainda tenho você. Preciso que você faça minhas palavras pararem de "transbordar dor", preciso que você deixe eu viver em você, assim como você vive em mim, preciso que você cure as feridas assim como me machucou. Preciso que o amor se lembre de mim.
Eu preciso que você volte só pra se lembrar de mim. Eu preciso que você se lembre de mim! Por favor, faz tudo isso ter sentido. Faz eu me sentir menos louca.
Eu estou ficando louca, é sério isso, eu estou ficando louca…

sexta-feira, 4 de maio de 2012

731 DIAS DE POEIRA ESTELAR

"A ÚNICA COISA DE QUE PRECISAMOS PARA NOS TORNARMOS BONS FILÓSOFOS É A CAPACIDADE DE NOS ADMIRARMOS COM AS COISAS.

Embora as questões filosóficas digam respeito a todas as pessoas, nem todas se tornam filósofos. Por diferentes motivos, a maioria delas é tão absorvida pelo cotidiano que a admiração pela vida acaba sendo completamente reprimida.
Para as crianças, o mundo - e tudo o que há nele - é uma coisa nova; algo que desperta a admiração. Nem todos os adultos vêm a coisa dessa forma. A maioria deles vivencia o mundo como uma coisa absolutamente natural.
E precisamente neste ponto é que os filósofos constituem uma louvável exceção. Um filósofo nunca é capaz de se habituar completamente com este mundo. Para ele ou para ela o mundo continua a ter algo de incompreensível, algo até de enigmático, de secreto. Os filósofos e as crianças têm, portanto, uma importante característica comum. Podemos dizer que um filósofo permanece a sua vida toda receptivo e sensível às coisas quanto um bebê.
Você é uma criança que ainda não se "acostumou" com o mundo? Ou você é uma filósofa capaz de jurar que isto nunca vai lhe acontecer?
Se você simplesmente balança a cabeça e não se sente nem como criança, nem como filósofa, a explicação para isto é que você já se acostumou tanto com o mundo que não consegue mais se surpreender com ele. Neste caso, você corre perigo. (...) Quero que você viva uma vida instigante."
O Mundo de Sofia, Joinsten Gaarder, página 27/30.


Queria agradecer a todos que me acompanham aqui nesse blog, que lêm meus sentimentos e me apóiam. É extremamente gratificante saber que por vezes eu ajudo vocês com simples textos. Obrigada, e que venham muitos anos mais!


2 anos de poeira estelar.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Quando eu morrer

Talvez quando eu morrer
tu continues sem se lembrar de mim.
Eu não sei
mas acho que sim.
Acho que vou continuar te amando
até a morte
além da morte.
E então quando eu morrer
vou dar um jeito de chegar até ti
jogar minhas palavras no canto da tua sala
perto da janela dos teus dias
sempre ensolarados.

Quando eu morrer
mesmo se for amanhã
ou só daqui 100 anos…
Eu vou dar um jeito de entrar no teu sonho
e fazer tu te lembrares de mim.
Eu vou fazer com que te lembres de mim.
E tu vais acordar de manhã
sonolento
se perguntando se um dia eu existi
ou se sou apenas algum sonho teu que parecia real.

Mas eu farei tu te lembrares de mim.
E eu vou falar pra ti
eu vou gritar pra ti
todas essas palavras que ficaram engasgadas na minha garganta
por tantos e tantos anos.

Mas se tu quiseres voltar antes
e se quiseres aproveitar esse tempo que eu estou aqui
pra me dizer adeus…
Vem logo!
Porque nós nunca sabemos o dia de amanhã
mas eu posso te dizer que eu vou te amar amanhã
e depois
e depois
e até que a morte chegue
e além dela
e talvez até além de tudo
embora eu ainda nem saiba o que o tudo é.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Abismo

Havia um abismo no final da praia, era lindo.
Era lindo até alguém resolver se jogar de lá.
"Suicídio não é moda, e nem sempre é drama. Ninguém entende um suicida até um dia, quem sabe, se tornar um. Espero que não te tornes: é muita dor." Era isso que estava escrito em uma placa na frente do abismo com a vista pro mar. Uma menina havia deixado lá, pois depois de pensar muito na possibilidade de acabar com a vida, encontrou alguns prós para enfrentá-la e resolveu deixai-los ali, como um pequeno aviso prévio sobre o que vem depois de pular. "O suicídio é algo mais perigoso do que parece." O quase-suicida leu. "Você pode se jogar daqui de cima e acabar tetraplégico. Acabar cego, surdo, mudo, ficar alguns meses na UTI e sair de lá mal conseguindo pensar. Nunca se sabe. E depois de dar tudo errado (porque vai que a gente se joga daqui e a morte não vem?) fica difícil fazer um novo plano suicida." O menino deu um passo pra trás, se distanciando do abismo. "Além disso, na vida tudo passa. Todos nós temos problemas, alguns mais que outros, é claro, mas todos os problemas passam, e as dores certamente passarão também, independente do tamanho que elas tiverem. O que está te levando a fazer isso? Apenas lembre-se que a morte não passa. Não tem como voltar atrás. Não tem essa de segunda chance, de estar arrependido." O menino parou. Sentou. Pensou. E acho que o nosso maior erro é pensar demais. Ele se lembrou disso e daquilo, dos tantos motivos que o tinham levado para tão perto da morte. Afinal, talvez para um suicida a dor da morte seja bem menor do que a dor que se sente mais pra dentro.
"Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida." Augusto Cury
Acho que um "tudo passa" não é o bastante para alguns suicidas resolverem enfrentar a vida. Acho também que eles não temem o mistério, a morte ou essas coisas um pouco obscuras para a maioria das pessoas. 
E ele pulou. Se afogou, pensou em desistir mas agora era impossível. "Não se volta atrás depois que se escolhe a morte." Basta agora (como diz o Muse), conspirar para acender todas as almas que morreriam só para se sentirem vivas

segunda-feira, 19 de março de 2012

Cinzas

Não me lembro se quando eu a conheci ela já era como é. Não sei se seus olhos verdes (descobri há poucos dias que eram verdes, pois nunca havia olhado para eles, acho que tinha medo) tinham o mesmo fogo de agora, e se as suas palavras um dia já foram mais meigas. Não sei se o seu sorriso antes aflorava com mais frequência e se ela tinha mania de ficar imaginando. Será que ela sempre foi tão calada assim? Esses dias ela me disse que rosa já foi sua cor preferida. Será que ela ouvia música gótica nessa época também?
Só o que posso dizer, é que rosa não combina mais com ela. Nem azul, e muito menos amarelo. Para ela eu daria cinza ou preto. Posso a considerar transparente às vezes, também. E embora seja difícil falar sobre ela, posso dizer também que seus olhos verdes (que pra mim sempre foram vermelhos, na verdade) já estão bem longe daqui. Por alguns minutos achei que ela voltaria para me salvar, mas então uma voz surgiu na minha lembrança: "eu não sou o tipo de menina boazinha, sabe?". Agora eu sei.
O fogo está em todos os cantos. Talvez por isso eu sinta ela bem aqui, bem perto, como nunca. Talvez eu deveria dar vermelho pra ela, mas já não há tempo… Acho que estou sangrando e o tempo parece estar se esgotando. Talvez minha respiração esteja ficando cada vez mais lenta, ou mais rápida. Como saber quais são os últimos suspiros? Talvez eu deva levantar daqui e correr para pegá-la, alcançá-la e jogá-la aqui também. Nós estávamos juntos, eu não devia morrer sozinho. Eu nem devia morrer… Nós somos tão jovens.  Mas não, eu decidi deixá-la ir. Eu até quis gritar "menina, corre antes que te peguem!" mas não agüentei. Mas eu confio nela, sabe, eu sei que ela vai se dar bem. Eu sei que ela vai se livrar de tudo e de todos, eu sei que ela vai dar a volta por cima, seja por bem ou por mal. Eu confio nela. E confio porque eu sei de tudo o que fiz para aquela garota que já fez muito por mim. Ela se calou quando devia ter gritado comigo, ela queimou as palavras de amor que ela tinha guardado pra mim. E eu sei que fiz ela sofrer, sei que ainda faço. E não duvido que ela esteja sentada debaixo de alguma árvore chorando pelo o que fez, ao mesmo tempo que luta para se levantar e fingir que não se arrepende nem um pouco. Eu sei que ela tem muito fogo dentro de si e que às vezes derrete. Sei disso porque vi no seu rosto algumas lágrimas quando ela foi botar o fogo aqui dentro. E sei também porque vi algumas fotos nossas dentro da sua mochila hoje de tarde. Eu até quis repetir para ela que estava arrependido por tudo que fiz antes, e que a amava, mas eu não disse. Talvez porque ela odeia isso. Talvez porque ela me odeie, embora me ame. Talvez porque essa coisa de "últimas palavras" seja clichê demais e nós odiamos clichês. E últimas palavras porque eu já sabia que ela estava tramando algo. Querida, se você soubesse que é tão previsível… 
E então acho que é isso. Acho que vou morrer a vendo por todos os cantos no meio dessas chamas, sem conseguir levantar. Acho que os últimos suspiros estão chegando. E mais estranho que ele, é a sensação que eu tenho de morrer com ela. Todas essas chamas, esse sangue e essas cinzas (a sua cor…). Tudo aqui é você, menina. E talvez quando eu morrer, você me ouça gritar aí dentro. Ou ouça o mesmo silêncio de sempre, o meu silêncio. Talvez as músicas góticas não funcionem mais. Talvez a maquiagem não esconda mais. Talvez o fogo se apague aí dentro, quando os bombeiros chegarem aqui pra apagar tudo. Ou talvez o fogo continue crescendo, e se isso acontecer, menina, você sabe que banho de água fria não resolve. Mas eu espero que você ao menos sorria uma vez quando meu coração parar de vez. Seu sorriso era tão lindo…

quinta-feira, 15 de março de 2012

M(eu)s problemas

Talvez eu não veja mais o brilho pelas ruas que ando, ou me sinta bem ouvindo o canto dos pássaros na minha janela. Talvez música agora seja um refúgio e não uma inspiração ou um meio para eu me acalmar. Talvez a chuva só me traga um pouco mais de desânimo, e o amor, um pouco de medo. Talvez dançar me dê preguiça, e rir também. Acho que dormir não me descansa mais e sonhar não faz com que eu acorde mais alegre. As pessoas me dão sono e até nojo, às vezes. Pensar no futuro só me traz desilusões e criar filosofias me dá vontade de desaparecer. Acordar de manhã é a coisa mais difícil do dia e dormir a hora mais esperada. Não tenho tempo pra chorar, e ser feliz parece perda de tempo, às vezes. A simpatia que eu tinha antes parece me cansar, falar na maioria das vezes é desnecessário e o silêncio parece estar gritando nos meus ouvidos. Cantar está chato, não tenho vontade de estudar e desenhar sempre me deixa com raiva. Sair exige muito (muito, muito, muito) esforço. Escrever dói. E olha: nem você parece prestar mais.

Talvez o problema seja eu.

Eu preciso escrever, eu preciso escrever, eu preciso escrever!
Talvez falte inspiração. Talvez eu te perdido de vez, ou me perdido de vez.
Talvez.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Versinho pra ti

É tão difícil passar um dia sem escrever um versinho pra ti.
Meu amor, eu ainda estou aqui!
Vivendo por ti
Pra ti
Infelizmente, não em ti.

sexta-feira, 2 de março de 2012

E você

Você. Tantos sonhos, planos, metas. Promessas, juras. Tanto amor. Tanta guerra, raiva, confusão, lágrimas, gritos. Você. Tantos sorrisos, risos, choros, abraços. Solidão, multidão. Tantas músicas, silêncios, baterias, canto de passarinhos. Tantas memórias, lembranças, fotos, saudades. E você. Tanta gente, chegando, indo, nunca vindo. E muitas novidades, coisa pra fazer, possibilidades. Ruas, prédios, estradas, casas de campo. Tantas bibliotecas e tantos e tantos livros, histórias, palavras. Ideias. Tantos beijos, amores, brigas, desculpas, e mais beijos. Tantas despedidas. Tantos planetas, estrelas, países, mares, cidades, rios, florestas, árvores, flores, sementes. 13 primaveras. (você) Tanto cobertor, travesseiro, ursinho de pelúcia, café com leite, brigadeiro de colher. Festa de criança, balada, cinema aberto, fogueira com marshmallow, luau. Tantos números de telefone. Tantos filmes de amor, comédia, terror, suspense, drama. Tanta (v)ida real, tant(o) problema, e tanto psi(c)ólogo tamb(é)m. Tanta coisa velha, museus, obra de arte, filósofo, teoria, religião, jeito de viver, cultura, loucura. E tantas outras coisas. E tantas outras páginas. E você. Sempre você. Mas tem tanta coisa! Por que teve de ser logo você? Você ali, você lá… E eu faço de tudo, eu estudo, ouço musicas novas, conheço gente nova, leio coisa nova, penso diferente… E você. Você está em tudo. Aonde eu vou, no que eu penso e no que eu esqueço. Você atravessa o mundo, move continentes, faz chover. Me faz errar as contas, esquecer a matéria, perder a cabeça, dormir demais, acordar todos os dias e seguir em frente. Você, você, você. 
Tanta gente, e olha que azar! Logo você. Que azar (você), que azar…  

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Famous last words

Muita coisa tem mudado e achei que era preciso dizer tudo à vocês. Creio que este blog se tornou uma parte de mim que nem eu mesma conhecia, aqui consegui cavar um buraco negro no mais profundo de mim e ir tirando as coisas pouco a pouco, desvendando os meus próprios mistérios e me entendendo melhor.
Acontece que, grandes mudanças vêm acontecendo e eu tenho dado o máximo de mim para continuar escrevendo aqui. Por alguns dias, pensei que tinha perdido tudo o que eu havia construído, me faltaram palavras... Depois melhorou. Escrevi alguns textos bons, expressei minha visão de mundo, me declarei um pouco mais. A questão é que eu não sou mais a mesma pessoa que escrevia aqueles textos de amor, pedindo que não me deixem, chorando. Descobri em mim uma pessoa nova, muito diferente. E essa pessoa está em constante mudança, não lhes posso dizer o que farei amanhã. Não lhes posso dizer se amanhã vou escrever um texto de amor, um texto dizendo como a vida é boa ou se sairá realmente um texto.
Tenho escrito muito pra mim mesma, sabe? Tenho escrito alguns textos que não me parecem bons o bastante para postar aqui. E talvez eu não tenha mais o que escrever. Porque a gente, no fundo, sempre acha que as coisas duram pra sempre, mas não duram. Não vou dizer que o amor passou, que estou 100% completa e feliz. Não estou. Sempre falta algo, sempre sinto saudade, sou pura nostalgia e não acho que isso será realmente superado um dia. Mas cansa escrever todos os dias sobre o quanto eu quero que as coisas voltem a ser como antes. Cansa escrever que estou com saudade, que quero o passado de volta. Eu dizia que uma hora acostuma e realmente me acostumei. Virou tudo uma rotina, o sofrer, o doer, a saudade, a descrença em algumas coisas.
Me disseram que quando a gente tá meio sem inspiração é preciso fazer coisas diferentes, conhecer coisas novas, sentir coisas novas. E eu faria tudo pra continuar escrevendo como antes. Não tenho palavras para descrever o que eu sentia quando, em meio de alguma aula chata de Português ou Matemática, ia para a última página do caderno e escrevia um texto enorme de amor, alguma história intensa. É isso que eu sempre quis da vida. Mas as coisas novas não acontecem e eu não tenho a mínima coragem de ir atrás delas.
Pensei em transformar isso aqui em algum baú de filosofia, que é o que mais tem ocupado meus pensamentos nos últimos tempos, o que vocês acham? Mas eu tenho medo de escrever algo e me arrepender depois, é preciso pensar semanas, meses. David Hume (meu filósofo preferido, eu acho), um filósofo escocês que viveu entre 1711 e 1776 publicou sua obra mais importante, "Tratado sobre a natureza humana" aos vinte e oito anos. Porém, desde os quinze já tinha as ideias para este livro. Eu quero começar logo! Mas eu não sei se aqui é o melhor lugar.
A grande questão é: o que fazer? Pois o que mais dói é pensar em abandonar este blog, em deixá-lo empoeirar sem textos novos, os meses passando e quando eu ver não terei escrito uma palavra há semanas. Eu não quero isso.
De qualquer forma, vamos levando. Pois nunca se sabe, e amanhã posso aparecer aqui com uma histórias daquelas de antigamente. E exatamente para nunca esquecê-las, deixei ali do lado uma listinha Create Memories (The best of me). com os meus melhores textos, na minha opinião. Não se esqueçam de mim!!!

E não, isso não é um adeus. Enquanto meu coração bater terei sempre um pouco de amor (ou de dor) para despejar aqui, meus olhos de filosofa continuam atentos e tudo está em constante mudança. Tudo flui, dizia Heráclito. Tudo está em movimento e nada dura para sempre. Por esta razão, não podemos entrar duas vezes no mesmo rio. Isto porque quando entro pela segunda vez no rio, tanto eu quanto ele já estamos mudados. Espero ansiosamente pela próxima vez que entrarei aqui, pois sem dúvidas muita coisa terá mudado e as coisas aqui mudarão ainda mais. Lembrem-se apenas que vocês são um pouquinho de tudo aquilo que surgiu no Big Bang (que ninguém sabe o que é). E exatamente por não sabermos realmente quem somos e porquê somos, temos uma grande importância. Continuem apenas brilhando.

Beijos,
poeira estelar.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Posso te pedir que fique, posso me lamentar mil vezes que todos me deixam, posso chorar e pedir para você não fazer o mesmo, posso me jogar no chão para implorar que você não se vá, posso mostrar tudo o que tenho para dar a ti, posso mostrar todas as minhas qualidades (não são tantas, mas talvez sejam o suficiente). Posso te mostrar que eu sei arriscar, que eu não tenho medo, que eu estou aqui agora e que não há motivo para isso. Meu motivo pode ser você. Eu posso mostrar que eu sei ser legal, que eu sei ser divertida, que eu consigo te fazer rir. Posso gritar pro mundo um amor por você, basta você despertá-lo em mim. Posso dançar com você, cantar com você. Posso aprender as músicas da sua banda favorita, posso viajar pra tua cidade, posso acampar na frente da sua casa, ou dentro dela. Posso fazer você ter dó de mim. Posso matar sua carência, posso escrever textos pra ti, posso ser sua. Posso dançar com você na chuva e fazer todas aquelas coisas clichês de filme.


Porque eu não sei se você sabe, mas eu aprendi a mudar. Não pelas pessoas, mas pelo meu bem. Se você fizer valer, eu faço tudo. Mas você pode muito bem sumir por aí depois de me prometer uma ou duas coisas impossíveis, falar que quer me ver feliz e não fazer nada, você pode. Mas eu também posso. Eu posso te amar “para sempre e sempre”, se você quiser. Mas eu posso ir embora hoje e nem lembrar que um dia você existiu. Porque em um mundo onde a gente solta o primeiro suspiro de amor pensando na última lágrima de tristeza, você pode me mostrar que pode ser diferente. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Suas palavras rasgadas, sempre suas

Estou meio cansada de escrever de mim. De você. Do nós (que nunca existiu).
Estou meio cansada. Cansada de falar, escutar, aconselhar, ajudar, segurar a mão, abraçar e falar "calma, eu tô aqui" (porque eu nem quero estar aqui).
Estou cansada de ser eu. 

E então, posso te fazer um pedido?
Me escreve. 

Escreve sobre mim. Bem, mal, tanto faz. Eu agüento tudo, eu posso ser tudo. Me escreve e deixa eu te mostrar que talvez eu nasci pra você, pra ser tudo o que você sempre quis. Me escreve e joga todos os seus desejos em mim, todos os seus sonhos, todo o seu (des)amor. Eu posso ter tudo o que você quer, acredite. Eu posso. 
Apenas escreva algumas linhas, coloque um nome que você quiser, bom, eu posso gostar de livros ou não. Escolha as minhas bandas preferidas, eu prometo ouvi-las daqui pra frente. Eu vou usar preto? Rosa? Azul? Só escreva. Não é necessário que seja um texto perfeito, pode faltar algumas vírgulas, pode não ter alguns acentos, mas lembre-se apenas do ponto final. Se quiser, é claro. Caso contrário, prometo que, enquanto o fim não vier, ficarei contigo. Sempre contigo. Pra sempre contigo. Até que, um dia, você se canse e rasgue os papeis, queime, e… Bom. Vou ser palavras rasgadas, porém escritas de tuas mãos. Sempre sua. 

domingo, 5 de fevereiro de 2012

"E eu não quero amá-lo de novo."

Dizem que devemos ter uma vida com amor. Amor às coisas, às pessoas. Eu nem sei mais. Eu nem sei mais amar.
Eu digo pra mim mesma que não preciso de ninguém pra viver, mas às vezes a realidade cai em mim e me mostra que sim, precisamos de alguém pra ser feliz. E eu fico aqui, tentando me agarrar à algo ou à alguém, a me entregar às coisas boas da vida, à felicidade, ao amor, novamente… É tão difícil aceitar que a gente acabou ficando sozinha por opção. 
Não tenho mais como dizer que todos me esqueceram e que o amor não bate mais na minha porta (mesmo que o amor não bata na porta, e sim entre e jogue tudo pra fora). Sim, muita gente me esqueceu, mas eu tenho esquecido todos e me livrado de tudo o que me faz mal, ou não me faz bem. Bom, aqui estou eu sozinha, sem ninguém que parece mesmo servir para um abraço de consolo nem para roubar um sorriso bobo, porém verdadeiro. 
E o amor… O amor não me esqueceu. Eu esqueci o amor. Eu tranquei as portas, eu fechei as janelas, eu me prendi aqui dentro no escuro e no quentinho e não o deixarei entrar. Por medo. Eu não quero mais o amor. Eu odeio o amor. E embora eu acredite nele e talvez considere ele uma das coisas mais importantes do mundo, eu não o quero pra mim. Eu não agüentaria sofrer de novo, sofrer mais. Eu odeio o amor. O amor acabou comigo. 

E eu não quero me deixar amar de novo. Eu não quero me entregar de novo, não quero escrever textos de amor de novo, pois em alguns meses (anos, se algo der mais certo que o normal) eu estarei escrevendo exatamente isso de novo. Eu odeio o amor, eu odeio o amor. E eu não quero amá-lo de novo. 
E enquanto eu fecho tudo, enquanto eu me fecho, fecho os olhos pra não ver o quanto de coisas lindas acontecem e o tanto de pessoas apaixonantes passam por mim todos os dias, o amor bate forte, o amor quer entrar. O amor quer invadir tudo aqui de novo, o amor quer jogar tudo fora de novo, o amor quer pesar de novo, o amor quer roubar tudo de novo. Ele quer acabar comigo de novo, e eu não vou deixar. Por favor, não me deixem amar. O amor é lindo, mas o amor dói demais. Não me deixe amar, não me faça te amar, não me peça mais do que eu me permito dar. Eu não quero amar, eu não vou amar, não posso amar. O amor não me faz feliz. Me deixe ser assim, sozinha, solitária. Eu não preciso de vocês, eu não preciso do amor. Me deixe ser apenas o que sobrou de mim. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

(eu sei que você não vai voltar, mas por favor, me deixe sonhar)

Há algum tempo não te escrevo. E nem queria, sabe, mas é que às vezes dá saudade e, eu já devia ter me acostumado. Mas entre a vontade de fingir que não sinto nada, e o desejo de gritar esse grande amor por aí, sobra a saudade e a vontade de te escrever uma carta sem fim, com "te amo" infinitos e talvez até sem meu nome no final. Você saberia quem sou? Ainda se lembra de mim, ou nem sequer um dia soube quem realmente fui? Você sabe do meu amor por você, não sabe? Pois às vezes penso que não consigo sair desse vício porque você não sabe, porque não se lembra, não disse sim ou não… Eu não sei se você vai voltar, e a dúvida machuca muito. (eu sei que você não vai voltar, mas por favor, me deixe sonhar) Eu só preciso de uma resposta, eu preciso de uma resposta! Uma resposta que há meses, muitos meses, espero, e que nunca vem. Você não vem, a resposta não vem, e a dor não se vai...

Mas agora, eu só quero dizer que, se você voltar… Tanta coisa mudou! Eu não sou mais aquela criança que você conheceu. Mudei tanto, tanto externa quanto internamente. Dizem que eu sou uma caixinha de surpresas, então, deixa eu me abrir pra você, deixa eu te surpreender!  Deixa eu te mostrar que tudo mudou, que muita gente foi embora, mas que você continua aqui, deixa eu te provar o meu amor, deixa eu te dar o meu amor. (quem sabe aí eu me livro dele) Deixa, deixa, deixa. Deixa eu realizar um poucos meus sonhos, tira essas decepções de mim, mostra que pode ser diferente, mostra que os sonhos se realizam, me faz acreditar de novo que tudo é possível. Me mostra que o silêncio nem sempre é solidão, faz eu me lembrar como é se sentir inteira de novo, me mostra que eu não preciso de ninguém, só de você e eternamente você. Faz isso, por favor. Mesmo que eu não mereça, por favor. Faz isso porque eu já fiz muito por você, porque eu escrevi muito pra você, porque eu chorei muito por você, porque eu sangrei muito por você, porque doeu muito por você, porque eu joguei tudo pra ficar com você, porque eu continuo aqui por você. Faz isso, mesmo que seja por dó, mesmo que eu não mereça, faz isso. Dá um sinal, me pede pra esperar, pois eu espero. Eu te juro que espero, espero dias, meses, anos. Por você, eu espero e não estou de brincadeira. Deixa eu te mostrar que não se pode medir esse amor, nem escrever, nem cantar, nem chorar. E que nem que eu escrevesse aquela carta sem final, eu não vou conseguir te dizer o quanto eu preciso de você, o quanto eu quero você, o quanto eu quero tudo de antes, o quanto eu não aguento mas esperar, porém espero. Por você, eu espero.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sinceros parabéns

Não vou fazer um texto me declarando, nem um texto pedindo para o passado voltar. Eu nem sei se eu devia escrever um texto! Mas a gente vai escrevendo, e jogando tudo pra fora, tentando esvaziar esse buraco imenso que temos dentro da gente. 
Hoje, quem fez meu buraco foi a pessoa mais filha da puta que existe. E falo palavrão mesmo. As coisas se tornaram assim, feias igual um palavrão. A vida de uma menina, que era pra ser uma mocinha comportada esperando seu príncipe tornou-se uma verdadeiro filme de terror.
Mas não quero reclamar. Aliás, quero sim. Quero quebrar tudo, quero xingar todo mundo, quero que tudo isso acabe. Talvez porque você tem sido tudo, e todos. Mas você devia ser nada, ninguém. E talvez já seja. Porque a gente tem essa mania chata de querer botar as piores pessoas nos melhores lugares. Em todos os lugares. Mas hoje eu vou revolucionar.

Querido, vá se foder. 

E falo sério. Não ligo mais. Não te ligarei nunca mais, vou continuar tentando apagar o seu número de telefone da minha agenda. O seu número de telefone... Aquele, especial, que passo horas olhando, lendo, letra por letra, número por número que me faria escutar sua voz. Sua voz tão enlouquecedora, de quem diz "não ligue mais para cá, eu não quero te ouvir". E é isso mesmo, você não quer me ouvir. Por isso, te digo: eu não ligo mais. 
Não vou dizer que você vai sair dos meus dias, dos meus sonhos, do meu inconsciente que chama por ti. Não prometo apagar todas as lembranças, todos os risos e promessas. Pois isso não se apaga. Essas coisas se enterram, lá no fundo, à sete palmos debaixo do chão. Mas isso parece pouco... A saudade sempre me dá forçar pra cavar. 
E então, enquanto eu minto para mim mesma, enquanto eu digo que nada disso que eu escrevi importa, enquanto eu tento apagar o seu nome da minha agenda (e do meu coração)... Você. Aí está você, falando as mesmas coisas de sempre, com as mesmas pessoas que eu sempre senti ciúmes de sempre. E isso que me deixa intrigada: você sempre está aí para as mesmas pessoas de sempre. Menos para mim. Por que? Por que? Por que? Eu te dei tudo o que sobrou de mim! Foi pouco demais? Eu sou tão insuficiente assim? Ou, me diga: foi demais pra você? Foi peso demais pra você? É difícil ser o porto-seguro das pessoas, eu sei. 
Diga que eu fui demais pra você! E eu te responderei apenas com um "foda-se" e um sorriso. É assim, não é? Não me confunda mais. Apenas diga que tudo acabou, e eu prometo que serei boa o bastante para ir embora para sempre. Para sempre. 


Feliz aniversário, Guiga! Mesmo que você não leia isso, e, eu sei que não vai ler. Feliz aniversário! Esse é o meu presente para você, e saiba que ele vem do fundo do meu coração! 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Molho de chaves

Seus olhos atentos procuravam algo. Não se sabia o que, nem para quê. Costumavam dizer que seus olhos grandes e negros eram olhos de fotógrafo, pois via magia no que já era rotina.

Ou talvez sejam olhos de filósofo?

Perdida no porão da casa antiga de sua avó, o que ela queria achar? Algumas caixas e relógios que não querem mais contar o tempo (quase todos têm esse medo, de perceber que está ficando velho). Alguns jornais rasgados e alguns vinis empoeirados dos Beatles. Afinal, o que ela procurava ali? 

O que você procura aí, pequena?
Saia desse porão, aí tem poeira demais.
Vá lá pra fora, vá ver o sol brilhar. 
E... Oh! Não chore, não chore. 
Você não vai encontrá-lo aqui!
O passado já passou, agora, por favor, suba. 

Mas seus olhos atentos não paravam de procurar. Eu sei, é difícil deixar o passado no passado. Mas talvez, eu não sei. Talvez quem sabe ela encontre algo, não é? A gente sempre tenta ter olhos de fotógrafo (ou de filósofo) e encontrar magia no que já é rotina. 

Agora, espere.
Onde ela vai?
O que ela faz com estas chaves na mão?
Pequena, solte esse molho de chaves!
Porque não, eles não vão abrir o seu baú de lembranças.
E, infelizmente, eles não vão abrir novamente seu coração. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

quem sabe ela vai acordar em um dia de inverno em uma casa nas montanhas, ir até a sala e encontrar o que teve de mudar oito vezes de cidade para encontrar. quem sabe em um dia rotineiro, como ontem e antes de ontem, ela vire a esquina errada e se depare com um sorriso que havia perdido depois de perceber que os dias rotineiros haviam voltado.

pode estar nos quadros dos mais belos museus
nos copos de cachaça esquecidos no fundo dos bares
nunca se sabe. 
está em tudo, em todo lugar
em cada raio de sol
em cada vez que fecho os olhos
em cada vez que te lembro
e em cada palavra que não escrevo. 
e tomara que esteja no seu coração também!
pois não há porque sentir-se só.


o amor está em todo lugar. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Dois mil e doce.

"Ano novo, vida nova." Vamos lá 2012, mostre-me o que tem para me dar.
Há tantas coisas novas para conhecer, viver, sentir. Não se pode desistir.
Há tantos caminhos que ainda não percorri, tantos passos que ainda não dei. Não posso ficar no chão, no fundo do poço. E como não pensar nos caminhos que me trouxeram aqui... Há que seguir agora.
Há tantos livros que ainda não li, tantas palavras que não sei, tantas histórias que não vivi. Vamos mudar de página, temos que continuar com o nosso livro.
Há tantas danças que eu não vi, tantos passos que ainda não aprendi. Tenho que aprendê-los para continuar nessa difícil dança que é a vida.
E assim continuamos, por aí... Pelos caminhos, nas páginas dos livros, nos bailes, nos bares. Apenas continue. Ainda há tanto por vir! Esperemos que 2012 seja doce. E eu, espero que nós sejamos mais doces! 

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