domingo, 27 de janeiro de 2013

Falha na chamada

Estava escrito bem no centro do panfleto: sem fronteiras. Ilimitado e blábláblá, e ainda era baratinho! “Comprei um celular só pra falar com você!” eu te liguei logo em seguida.
Te ouvi atentamente. Cada pausa tua me causava dor no coração. Sua voz me acalma, suspiro por suspiro você rouba todo o meu ar. Você me falava sobre o que jantou ontem a noite e eu escutava teus versos como quem escuta a mais bela poesia já criada. Ficamos horas no telefone e sua voz ia se tornando só minha, minha, minha. Eu nunca deixaria sua risada tocar na rádio.
Já eu, não precisei falar muito. Eu falo tudo errado, eu só sei dizer que te amo e é errado nosso amor. E você não quer ouvir. Posso te contar sobre alguma banda nova que conheci, ou sobre alguma nota ruim que tirei, normal. Mas se eu falar demais corre o risco de cair a ligação. Você sabe. O sinal do telefone é bom, mas nossa conexão continua péssima.
Isso tudo durou umas 3 horas.
“Tenho que desligar”, você disse.
“Ah, tudo bem, ok...”
“Tchau. Beijo.”
E então... você desligou. Eu permaneci de olhos fechados, com o telefone sobre a bochecha, por algum tempo. Mas não senti nada. Seu beijo não chegou!
Liguei para a Central e reclamei. “Moça, meu plano é ilimitado, sem fronteiras, sabe? E o beijo dele não chegou! Não senti nada aqui!” Ela riu e desligou na minha cara.

“As pessoas não tem um mínimo de compreensão com os loucos apaixonados!” eu disse para você, quando te liguei no outro dia. Você também riu, e seu riso me chamava de boba. Desligamos sem beijos, outra vez.
Depois disso, nunca mais te liguei. Você nem sentiu falta. Normal.
Troquei meu celular de última geração por um Nokia 5125.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Me desculpe

Me desculpe se não consigo desculpar-te
E me desculpe por chorar teu nome nas madrugadas
E nas tardes
E todo o tempo
Eu sempre acabo caindo em você de novo

Sei que não aguentas mais tudo isso
E imagino até que nos meus dias de solidão
Sintas o peso de toda essa obrigação que botei em ti

Mas
Me desculpe!

Sei que é chato
Mas fostes o escolhido para ser o dono de todo o meu amor
E não posso te deixar
Não consigo te deixar
Ninguém é tão seguro quanto você
És a coisa mais preciosa que guardo dentro de mim

E me desculpe ainda
Amar tão mal amado
E dizer, no meio das minhas lágrimas, que és o culpado
De tudo isso que está acontecendo

Mas és
Pois se não fosses tu
Eu estaria bem
E teria um monte de amor para dar a quem merece de verdade

Mas não estaria escrevendo-te isso
E devo admitir que gosto
E que sonho com o dia em que reconhecerás
Que és em ti que me escondo

Vês como consigo tornar nossa relação bonita
Mesmo que ela nem exista?

Eu não sei mais trocar olhares com ninguém
A única coisa que faço bem
É me lembrar de você

Me desculpe
Me desculpe
Me desculpe

sábado, 12 de janeiro de 2013

Ser só e simples

Me deixa assim, sozinha. Procurando teu olhar nas nuvens cinzas, teu amor no calor das cobertas, teu silêncio na solidão. Me deixa assim, simples. Sendo só o silêncio, a respiração calma, o olhar vago. Simples ao som de músicas clássicas, com gestos lentos, só fluindo sempre até ti.
Me deixa ser só, cansei de ser sã, me deixa ser só sua. Em silêncio, me deixa só descobrir o que quero ser, sem temer, sem doer, só para crer em viver. E esquecer como dói crescer, amadurecer e se tornar tão não-simples.
Eu só quero viver em você. Cansei de pesar, de complicar. Eu só quero sorrir pra você. E bailar, e voar, e correr sem ninguém me pedindo pra ficar. Eu quero fugir com você. Eu quero deitar numa rede e nunca mais voltar, eu quero acelerar o carro e nunca mais parar. Eu quero ir pra longe daqui, esquecer, e ser o que quiser, bem simples. Ser tão simples que até conseguirei ser feliz.
E então, quando eu já não conseguir ver nada daqui, quando conseguir ouvir o silêncio, quando conseguir ver sem fronteiras, quando tudo isso ficar para trás, e estiver só você, eu e o vento, poderei só sorrir e saborear a doçura do amar nos meus lábios.